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Cooperativas gaúchas debatem desafios de comunicação

O Sescoop/RS reuniu ontem, dia 29 de novembro, no Centro de Formação Profissional Cooperativista (Escoop), cerca de 120 comunicadores de cooperativas, entidades representativas e parceiras do sistema no Encontro Estadual de Comunicação Cooperativista 2017.

O evento teve como objetivo oferecer condições para que os comunicadores tomem as melhores decisões de estratégias de comunicação, juntamente com as diretorias das cooperativas. Os palestrantes trouxeram conteúdo e conhecimento para quem atua na área da comunicação nas cooperativas, oportunizando um espaço democrático de debates e troca de experiências.

A abertura do evento contou com a participação da diretora da Ocergs, Margaret Cunha, diretor da Escoop, Derli Schmidt, vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, e do secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcisio Minetto. Na oportunidade, Minetto deu as boas-vindas aos presentes, destacando a importância do debate promovido pelo encontro, tanto para a comunicação interna como externa das cooperativas gaúchas, o papel do cooperativismo no desenvolvimento econômico e social das comunidades e destacou que a entrega do Prêmio Cooperativismo Gaúcho de Jornalismo 2017, que acontece no dia 7 de dezembro, é a prova de que o cooperativismo transforma as comunidades e pode ter uma agenda positiva cada vez maior.

Pós-Graduação em Comunicação Cooperativa

Em seguida, o diretor da Escoop, Derli Schmidt, apresentou a Escoop, sua missão e desafios, os cursos já desenvolvidos pela Faculdade desde 2012, avaliação do MEC, a importância da educação para o desenvolvimento do país e a apresentação de um curso MBA em Gestão da Comunicação de Cooperativas, que será oferecido pela Escoop no ano de 2018 aos comunicadores empregados e/ou associados de cooperativas.

O curso tem previsão de início para setembro e terá no currículo disciplinas como: Comportamento Organizacional e Gestão da Mudança, Relações Públicas e Comunicação Empresarial, Cenários Macroeconômicos, Gestão de Relacionamento com a Mídia, Comunicação Interna, Gerenciamento de Projetos, Comunicação para Gestão de Riscos e Crises, marketing digital, mídias sociais, Estratégia Empresarial, Desenvolvimento da Competência Interpessoal, Gestão de Marketing, Planejamento Estratégico, dentre outras.

Mais informações sobre o curso e inscrições serão divulgadas posteriormente no site do Sistema Ocergs-Sescoop/RS.

Inovação: uma espiada no futuro

O radialista, apresentador e colunista, Marcos Piangers, antes de iniciar sua palestra “Inovação: uma espiada no futuro”, destacou a importância do Sescoop/RS como capacitador e disseminador do cooperativismo, um modelo que, segundo ele, propõe uma visão de mundo menos individualista, com mais união e princípios.

Em seguida, discorreu sobre a evolução da indústria fonográfica e das tecnologias de modo geral e qual o impacto das novas tecnologias na forma de se comunicar com os públicos e de construir e consumir informação. Piangers defende que, por ser “imparável”, a tecnologia transforma o consumo dos produtos e serviços para que sejam cada vez mais baratos e convenientes e devemos acompanhar e aceitar a transformação. “Não podemos cair na tentação de sermos a geração do lampião, que não aceita a tecnologia porque ela dá muito trabalho. Os comportamentos estão mudando e como comunicadores precisamos acompanhar. Precisamos repensar o futuro das nossas profissões. Não podemos preparar as futuras gerações para profissões que podem não existir daqui há alguns anos”.

Ele também destaca que a tecnologia deve ser usada com propriedade para desenvolver produtos e não apenas marcas.

“A tendência é uma só: o uso cada vez maior da tecnologia, mas precisamos ter um diferencial competitivo, entender como o sistema funciona e desenvolver um senso crítico. Por isso defendo: seja uma empresa de tecnologia! Absorva a tecnologia e a informação e faça um produto melhor”.

Sobre os desafios do cooperativismo, ele acredita que através dele, seja possível criar sistemas cada vez melhores. “Vocês, que têm a cultura maravilhosa do cooperativismo, de trabalho em grupo, onde todo mundo é dono do negócio, é um desperdício que essa cultura não se dissemine no ambiente de consumo tecnológico.

Quando a cultura do cooperativismo absorver a capacidade que a tecnologia tem de oferecer soluções mais baratas, acessíveis e convenientes, o seu potencial de escala vai aumentar, vamos alcançar mais pessoas e transformar o mundo, que já é sua missão”.

E sobre a revolução tecnológica, ele afirma que estamos recém no início dela. “Num futuro bem próximo, tudo será impactado pela tecnologia. E quem melhor para desenvolvê-los do que nós, pessoas responsáveis, que se preocupam com seus filhos, engajadas e que se preocupam em aplicar o cooperativismo e uma comunicação mais responsável e consciente? Porque a melhor forma de prever o futuro é criando o futuro, participando dessa revolução e não simplesmente consumindo”, finalizou.

O presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, ao saudar os comunicadores, falou da importância do evento e das reflexões que foram promovidas pelos palestrantes. Ficamos felizes pelo cooperativismo e destaco a frase do Piangers de que o cooperativismo vai avançar. “Estamos crescendo cada dia mais. E através da comunicação podemos mostrar à comunidade as boas práticas que são desenvolvidas por nossas cooperativas”.

Na oportunidade, também foi entregue ao secretário Tarcisio Minetto, com a presença do diretor do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Paulo Roberto da Silva, um documento de apoio à manutenção do BRDE e sua importância para o fomento e desenvolvimento das cooperativas gaúchas, para ser entregue ao governador do Estado, José Ivo Sartori.

Na parte da tarde, o coordenador de Comunicação do Sistema Ocergs-Sescoop/RS Luiz Roberto de Oliveira Junior, apresentou as atividades desenvolvidas pelo setor, que envolvem o networking com as cooperativas, parceiras em diversos projetos realizados pelo sistema cooperativista gaúcho.

Comunicação em Tempos de Riscos e Incertezas

Na sequência, a professora e consultora em Comunicação Corporativa, Rosângela Florczak, apresentou a palestra “Comunicação em Tempos de Riscos e Incertezas” e reforçou a importância de as áreas de comunicação das cooperativas desenvolverem um planejamento estratégico de prevenção, tratamento do risco e plano de contingência para uma crise.

Rosângela destaca o papel do gestor no processo de comunicação e afirma que o setor de comunicação necessita estar inserido no topo da cadeia decisória.

“O gestor precisa entender de comunicação e ser a grande liderança de comunicação. A forma como a liderança se comporta é muito importante para a consolidação da reputação e o setor de comunicação tem que estar inserido no topo da cadeia decisória”, explica.

Para a consultora, a identidade da empresa como organização define o seu propósito. E a reputação é considerada o grande ativo das organizações. Nesse sentido, Rosângela comenta que a comunicação no cooperativismo não pode ser feita de forma isolada. “O que acontece com uma cooperativa acaba impactando na imagem do cooperativismo. Não dá para fazermos comunicação como se estivéssemos sozinhos”.

Entre as etapas de planejamento em gerenciamento de crises, Rosângela identifica as necessidades que precisam ser contempladas: levantamento e identificação do risco; análise e avaliação do impacto e da probabilidade; comunicação do risco; tratamento do risco e plano de contingência e preparação de porta-vozes.

“O risco de comunicação impacta no risco financeiro. É necessário que o planejamento de gerenciamento de crises tenha metas e indicadores e não somente o objetivo”, afirma Rosângela, que ressalta a importância da preparação do porta-voz. “Na crise preciso ter o meu porta-voz preparado e ele precisa ter competências comunicacionais. Não dá para preparar o porta-voz no meio da crise”, complementa.

A Imagem do Cooperativismo e os Desafios para as Áreas de Comunicação

Na terceira palestra do evento, o sócio-diretor da Novo Texto Consultoria de Comunicação e editor da revista Amanhã, Eugênio Esber, explanou sobre o tema “A Imagem do Cooperativismo e os Desafios para as Áreas de Comunicação”. Esber apresentou diversas percepções de profissionais ligados ao jornalismo e outras áreas sobre o cooperativismo. “As percepções em geral do cooperativismo mostram uma imagem de algo vinculado ao campo e ao meio rural e, em verdade, 70% dos negócios são gerados por cooperativas agropecuárias ou vinculadas à produção rural”, disse Esber.

Segundo o editor da revista Amanhã, um dos desafios primordiais da comunicação no cooperativismo é conseguir envolver o público das cidades, urbanizando a imagem do cooperativismo. Nesse sentido, Esber reforça a necessidade de desenvolver outros ramos e urbanizar a percepção acerca do cooperativismo. E coloca o cooperativismo de Crédito como um potencial agente propulsor desse movimento.

“Eu vejo que esse fenômeno do cooperativismo de Crédito pode oferecer uma oportunidade para essa urbanização da imagem, porque nas cidades, onde se trava o grande conflito das instituições de crédito, o cooperativismo ganhou espaço. O cooperativismo pode entrar na casa das pessoas e mostrar de uma forma muito prática o que ela ganha, quais são as vantagens e os benefícios que ela tem através de uma cooperativa”, comenta.

Para Esber, a cooperativa tem três conceitos a fixar: identidade, imagem e reputação. A cooperativa precisa constituir um alinhamento entre a identidade e a imagem, isto é, entre a forma como ela se apresenta, o que ela é e o que faz, e como é percebida pelos diferentes públicos com os quais se relaciona. Eugênio Esber destaca a importância dos sete princípios na formação da identidade da cooperativa e na comunicação com seus diversos públicos. “Os sete princípios comunicam para dentro, não para fora. Vários destes princípios não soam muito claro para jornalistas e, talvez, nem mesmo associados saibam discorrer com naturalidade sobre eles, por isso este é um desafio para as áreas de comunicação”, explica ao comentar sobre o trabalho do setor de Comunicação tornar fácil e acessível a compreensão acerca dos princípios cooperativistas.

Da mesma forma que a professora e consultora Rosângela, Esber defende a necessidade do setor de Comunicação subir no organograma da cooperativa e participar do processo de decisão. “Nós temos que romper essa cisão, esse distanciamento entre a gestão e a comunicação da cooperativa”. E para concluir, o editor da revista Amanhã coloca um desafio fundamental para todos profissionais envolvidos com as áreas de comunicação das cooperativas. “Se a sociedade ainda não conhece e não reconhece o cooperativismo como deveria, as áreas de comunicação têm uma grande missão a cumprir”.

Para o vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, o encontro foi importante para reflexões sobre os desafios da comunicação das cooperativas.

“O maior concorrente de uma cooperativa é o desconhecimento. O fato de as pessoas desconhecerem o assunto, faz com que optem por empresas tradicionais, que tem objetivo de lucro. Precisamos empenhar mais esforços para conseguir comunicar adequadamente os diferenciais de uma cooperativa. O evento ajudou a encontrar respostas para este grande desafio”, comentou.

“O Encontro de Comunicação Cooperativista do Sistema OCERGS foi bastante produtivo e nos trouxe várias reflexões sobre formas de comunicar para a sociedade os valores do cooperativismo e como esse modelo de organização da certo. Eu vejo o cooperativismo como o melhor caminho para um futuro mais equilibrado, e nós comunicadores somos peças-chaves para propagar isso, porém, o nosso desafio é grande. Ter a expertise e esse novo olhar, depende também das lideranças que precisam investir em comunicação para que mais e mais pessoas não sejam só alcançadas, mas que tenham um engajamento efetivo com a nossa causa”, pontuou a analista de Comunicação do Sistema OCDF-Sescoop/DF, Isadora Galvão.