Ir para o conteúdo principal

Unitec: há 22 anos, uma forte cooperativa de trabalho

Agosto é muito especial para a Cooperativa de Técnicos do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unitec). Foi neste mês que, há 22 anos, um grupo de 28 profissionais idealizou a criação de uma cooperativa de trabalho. De um período de mudanças na organização onde os 28 sócios-fundadores trabalhavam, surgiu a possibilidade de serem prestadores de serviços, algo novo até então na região. Hoje, a cooperativa está sob a presidência do engenheiro agrônomo Marcelino Colla, um dos sócios-fundadores. Confira as entrevistas com os presidentes da cooperativa nestes 22 anos de história, todos sócios-fundadores da Unitec.

O engenheiro agrônomo Denilso Rosalvo Fagan Zanon foi o primeiro presidente da Unitec. Segundo ele, presidir a cooperativa representou uma nova jornada. “Sair da posição de colaborador para gestor do seu negócio parece algo simples, mas teve grande significado na minha vida.”

Sobre a criação da Unitec, Denilso destaca que, como na maioria das vezes, novos passos ocorrem em momentos de crise. E o processo de criação da cooperativa não foi diferente. Para ele, os primeiros passos foram os mais difíceis. “Nas primeiras reuniões, muitas discussões e pensamentos diversos sobre como conduzir os trabalhos. Afinal, mais de 20 donos, decidindo seu futuro, era uma novidade na forma de operar as carreiras de técnicos, que até então o que pensavam era na competência técnica como agrônomos, veterinários, técnicos agrícolas e inseminadores. Isto foi uma mudança de paradigma significativa. Um aspecto importante foi a união, porque discutíamos muito, mas saíamos das reuniões e cada um fazia do seu trabalho uma forma de levar o nome da Unitec e representá-la bem. Foi graças a isto que a Unitec foi sendo construída e levada para outros municípios.”

Ele conta que a criação da Unitec lhe permitiu, através do Sebrae, ser facilitador do Empretec em 12 estados. “Então, defino esta experiência como muito proveitosa, de muito aprendizado, um passo significativo para uma grande mudança. Só tenho a agradecer pela oportunidade e pela confiança dos meus colegas naquela época.”

“Agradeço aos colegas de diretoria pelo apoio, dedicação e tolerância, e a todos os sócios que ajudaram nesta caminhada. Aprendi muito neste período. E, hoje, ao ver a Unitec consolidada, meu maior sentimento é gratidão. Aquela decisão corajosa em um momento de incertezas para todos os colegas propiciou um grande case de sucesso, talvez nem imaginado deste tamanho.”

Denilso é empresário, Master Coach, especialista em Qualidade Total, Administração e Dinâmica dos Grupos. É sócio-proprietário da Imobiliária Banco de Imóveis, da Rota Simuladores e da Simbox Studios Softwares.

 “Unitec é exemplo de cooperativa em todo o Estado”. A afirmação é do associado e ex-presidente da cooperativa, Ari Benedetti. Ele, que presidiu a Unitec na segunda gestão, relembra que já na sua gestão via-se que a Unitec tinha dado certo, mas confessa que não imaginavam que iria crescer tanto. Naquele período eram em torno de 40 sócios.

Benedetti, assim como alguns dos fundadores da Unitec, já atuavam no Senar-RS – onde o engenheiro agrônomo ministra cursos desde 1994. “Deu certo porque estamos firmes até hoje. Começamos do nada, e o que era nossa preocupação inicial interna, de montar uma empresa enxuta com menos vícios que o cooperativismo tem hoje, obteve êxito. A Unitec é exemplo de cooperativa no Estado.”

Quando Benedetti assumiu a presidência da Unitec, no segundo mandato, uma das preocupações era de que a cota capital fosse corrigida pela poupança. “Acredito que fomos uma das primeiras a fazer isso. Outro ponto forte hoje que posso destacar hoje é o baixo custo e critérios para admissão de sócios. Não queremos inchar a cooperativa. E também a exclusão por motivos do estatuto.”

“Para mim, o cooperativismo é a melhor coisa que existe, desde que gerenciado ao interesse comum. A cooperativa existe para beneficiar os associados, e não ‘meia dúzia’ como ocorre em algumas. Não posso deixar de falar na competência da diretoria na forma de gerir a cooperativa, que é essencial. As pessoas confiam muito na gestão da Unitec.”

Natural de David Canabarro, Benedetti morou em Três de Maio até 2002, quando se mudou para Passo Fundo. Desde a fundação da Unitec, em 1996, até 2012, o profissional trabalhou com assistência técnica, consultoria em empresa de lácteos e elaboração de projetos de desenvolvimento. E, a partir de 2013, passou a atuar somente pelo Senar-RS.

O engenheiro agrônomo José Álvaro Pacheco foi presidente na Unitec na quarta gestão. Conforme o profissional, quando criada a Unitec, o grupo tinha algumas ideias e imaginava outros serviços. “Mas, em termos de associados, não imaginávamos que chegaria a mais de 200, como temos hoje.” Para ele, a Unitec é uma via rápida de entrar no mercado de trabalho. “Com uma visibilidade grande e idoneidade muito boa, a cooperativa é conhecida e seus profissionais são referência na prestação de serviços no setor agropecuário.”

De acordo com o sócio-fundador, a formação da Unitec proporcionou outra mentalidade com relação ao mercado de trabalho. “Em termos profissionais, foi outra realidade. Normalmente, quando se sai da faculdade, se tem a ideia de ser empregado; não se imagina como autônomo. Daí surgem as dúvidas: será q vou conseguir trabalhar amanhã? Me sustentar? Isso provocou em nós um amadurecimento profissional e nosso trabalho foi sendo reconhecido e expandido”, destaca Pacheco.

Para ele, a Unitec ter se tornado uma cooperativa com expressão estadual e conhecida no país é fruto do trabalho em conjunto. “E ter sido presidente foi uma experiência gratificante. Na diretoria tentamos criar oportunidades, preocupados com o associado. Desde a segunda gestão estou envolvido na diretoria, e considero importante essa doação que fazemos aqui, esse engajamento é necessário para a continuidade da cooperativa. Estamos tentando mesclar os integrantes da diretoria com os novos e jovens associados, fazendo, aos poucos, uma sucessão.”

“Desejo vida longa à Unitec. Dentro deste modelo, que cada vez cresce mais no mundo inteiro, o sistema alavanca muito a economia. É uma forma mais ágil de relacionamento com o mercado. Enquanto estivermos aqui, ajudaremos a levar adiante isso. Para o futuro, acredito que é preciso diversificar ainda mais nossa carteira de clientes, que é o que vai nos manter”, finaliza.

Pacheco é engenheiro agrônomo, com especialização na área de solos. Na atual diretoria, é representante da categoria dos engenheiros agrônomos. Trabalha com consultoria na área de solos e cursos do Senar-RS e Sebrae em todo o Estado.

O atual presidente da cooperativa, Marcelino Colla, conta que quando criaram a Unitec, acreditavam que atuariam mais regionalmente, tanto que no nome consta ‘Noroeste’. “A medida que foram sendo associados novos profissionais, de forma criteriosa, esse crescimento foi acontecendo de forma gradativa e contínua. Associamos quando existe demanda de trabalho e alguém é indicado ou precisa de empresa para prestar serviço”, explica.

Para o presidente, o grande diferencial da Unitec é que o associado não se preocupa com as questões burocrática e operacional. “Ele busca o trabalho e procura realizá-lo da melhor forma.” Quanto à credibilidade que a cooperativa conquistou, ele destaca que sempre se manteve uma postura correta. “Há algum tempo conversei com uma associada, que está conosco desde o início, e ela me disse que confia 100% na Unitec. Isso é muito gratificante ouvir, porque não é apenas a cooperativa, mas as pessoas que fazem se tornar confiante. Quem nos conhece e é associado, confia no nosso trabalho. Você enxerga a cooperativa e as pessoas que estão nela. Se sou boa pessoa, a cooperativa, por consequência, também é. É assim em todos os lugares. E é uma preocupação que temos.”

Há 15 anos na presidência, Colla frisa que a Unitec representa tudo na sua vida. “São 22 anos de uma vida profissional, sendo 15 deles conduzindo-a como presidente. A gente se envolve e veste a camisa. Me sinto um grande privilegiado porque consigo fazer duas coisas fundamentais: presto serviço pela Unitec, sendo sócio atuante, e vivo disso. Toda minha caminhada profissional se deu aqui dentro, e associei isso de fazer parte e ser diretor. Digo aos associados que eu vivo como eles. Isso faz com que haja uma identificação com o associado, pois não vivo só o mundo gerencial. Aqui, as pessoas não vivem da estrutura e nem são bancadas pela Unitec. Sinto-me privilegiado e orgulhoso em ajudar a construir a história da Unitec.”

Ele destaca a dimensão da cooperativa. Com uma estrutura operacional enxuta e necessária, que não está alicerçada em grande estrutura física, conta com mais de 200 profissionais atuando em todo o Estado. “Claro que a distância nos atrapalha um pouco, já que temos associados de todo o Estado e não estamos em contato direto com todos eles, mas algumas ferramentas facilitam hoje a comunicação.”

Para o futuro da cooperativa, o presidente diz vislumbrar uma continuidade de crescimento e de pessoas dentro desta linha, mantendo o mesmo foco, que é a prestação de serviço para o setor primário. “Acredito que, cada vez mais, o caminho vai ser o da profissionalização. Teremos que dar condições para que cada um seja bom naquilo que faz. Desejo que a Unitec siga crescendo”, finaliza.

Hoje, Colla é instrutor do Senar-RS em curso e programas, realiza projetos de assistência técnica, palestras e trabalhos da parte agronômica, como perícias e vistorias.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Unitec