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Live debate cenários e tendências para culturas da soja e do trigo

O cenário para as culturas da soja e do trigo foi tema de live realizada na manhã dessa quinta-feira, dia 27 de agosto, promovida pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), em parceria com a consultoria Safras & Mercado. O evento virtual contou com grande público, formado em sua maioria por dirigentes e executivos de cooperativas do Estado.
O presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, saudou os participantes e agradeceu pela parceria com a consultoria para levar informação ao público presente. “Estamos em um momento muito importante e interessante com a volatilidade do dólar e dos produtos agrícolas. Temos uma questão do trigo e a geada, que tirou um pouco da euforia que estávamos. Na soja temos ofertas de contratos futuros muito bons. Estes são desafios e oportunidades para a safra 2020/2021. Estamos trabalhando nisso, em levar informações”, destacou.
Sobre trigo, o analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, fez uma contextualização do cenário mundial do cereal, o que influencia na dinâmica da formação de preços. Informou sobre a quebra na safra europeia, que possibilitou vendas para exportação no Rio Grande do Sul, pois é um trigo parecido com o que é produzido no Estado. Além disto, a Austrália também voltou a uma produção satisfatória após dois anos de frustração. Já a Argentina tem tido dificuldades em relação à seca, o que traz uma previsão de redução de área em 400 mil hectares e um produção de 1,6 milhão de toneladas a menos, o que traz uma estimativa de queda de 1,95 milhão de toneladas na exportação do país vizinho.

Geada atinge 85% das lavouras de trigo do RS

No Brasil, a geada afetou as safras gaúchas e paranaense. Nos levantamentos preliminares da Safras & Mercado, o Paraná teve 35% das lavouras atingidas por geadas moderadas, o que traz uma perspectiva de 6% de perdas em relação à safra inicial projetada. Já no Rio Grande do Sul, 85% das lavouras do cereal foram atingidas fortemente, e em uma análise preliminar, a redução de safra pode ser de 10%, o que ainda pode aumentar. Com o passar do tempo as perdas podem aumentar. “A situação no Rio Grande do Sul foi mais forte que o Paraná. É cedo ainda para cravar esta perda, pois só teremos certeza do impacto de qualidade e produtividade quando colher este trigo. Mas trabalhamos com uma redução para 2,15 milhões de toneladas”, observou Bento.

Demanda da China

Na soja, o analista Luiz Fernando Roque falou sobre a alta da cotação no mercado. Reforçou que apesar dos problemas no Rio Grande do Sul, a safra brasileira foi positiva, com grande produção no Centro Oeste e Sudeste. E com o câmbio em forte alta começou a puxar o preço para cima, superando a sazonalidade da safra brasileira. Com isso, os produtores entraram no mercado com tudo e negociaram o produto, enxugando a oferta. A China, especialmente, demandou fortemente o produto neste primeiro semestre, apesar também da alta nas compras de outros países importadores da oleaginosa.

Previsão de crescimento

Para 2021, o especialista avaliou a demanda por exportação de soja para o próximo ano com o dólar firme. Também citou a comercialização antecipada do grão, onde até este mês 27% da produção já foi vendida, enquanto a média em geral é de 9% para a época. Com isso, a área plantada, conforme as projeções, deve crescer novamente estimulada por esta alta dos valores no mercado. “A área brasileira vai crescer 2%, segundo os números iniciais, e teremos um aumento na expectativa de produção. Todo este cenário nos leva a uma intenção de plantio de uma área maior no Brasil e se o clima ajudar poderemos ter uma produção recorde acima das 130 milhões de toneladas”, pontuou Roque.

Cenário favorável para exportação

Já o especialista em Gestão de Risco e Preço, Gil Barabach, apresentou uma performance do mercado das commodities em geral, no qual, depois de oscilações, o mês de agosto tem sido positivo para os produtos. A avaliação do analista é que, para o exportador, o cenário é favorável, com o crescimento das cotações e valor do dólar. Barabach enfatizou que houve queda no preço das commodities no início da pandemia e que é preciso ter cautela, pois enquanto não houver uma vacina contra o coronavírus e se depender do auxílio dos governos, podem ocorrer retrocessos devido a esta instabilidade.
O analista também falou sobre gestão e comercialização. Para ele, o importante é que o produtor pense mais na garantia da margem entre preço e custo do que propriamente em uma alta das cotações. Finalizando, o especialista apontou que para se proteger da flutuação de preços é importante se pensar em fixação de contratos físicos, negociação em bolsa ou até a negociação em balcão.
Fonte: AgroEffective