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SESCOOP/RS promove oficina com palestra de Rafael Carbonell de Masy

A verdadeira história do cooperativismo

O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado do Rio Grande do Sul (SESCOOP/RS) participou, no dia 21 de setembro, da programação do Fórum da Igreja Católica no RS. A oficina promovida pelo Sistema OCERGS-SESCOOP/RS contou com a palestra do estudioso espanhol Rafael Carbonell de Masy, pesquisador e profundo conhecedor da história das reduções latino-americanas. O tema da oficina foi “Estratégias de desenvolvimento rural dos povos guaranis. Reduções jesuíticas: a verdadeira história do cooperativismo.”

Graduado em Direito, Filosofia e Teologia, Carbonell nasceu no município espanhol de Llanes, em Asturias, região ao norte da Espanha. É padre jesuíta e professor da Pontificia Università Gregoriana, além de ser um grande nome do cooperativismo internacional. Ao lado do presidente do Sistema OCERGS-SESCOOP/RS, Vergílio Perius, o palestrante falou sobre os estudos que recriam a verdadeira história do cooperativismo, em solo latino-americano.

As pesquisas de Carbonell de Masy

As pesquisas de Carbonell de Masy sobre a Redução Jesuítica de Encarnación de Itapúa demonstram que a primeira cooperativa surgiu no ano de 1627, em forma de redução dos índios guaranis. Segundo o estudioso, a palavra “redução” significa fazer com que um espaço de dispersão se aproxime. O número total de reduções era 30. Assim, o cooperativismo tem 380 anos de história, e não 163, como ensina a cultura européia.

Carbonell falou sobre o desenvolvimento rural das reduções e a conversão religiosa dos guaranis. Enfatizou que o processo foi lento, pois o princípio mais importante das reduções fundamentava-se na liberdade de escolha, na livre adesão. Prova disso é que o povo indígena podia optar entre o tupambaé, propriedade comum com produção comunitária, ou o abambaé, âmbito privado de produção ou produção familiar. A distribuição das sobras era proporcional ao trabalho.

Também foram tema da palestra as estratégias dos guaranis para desenvolver estruturas capazes de se adaptar às oportunidades e mudanças e a importância da figura humana nas reduções. Carbonell destacou que a estrutura de uma cooperativa jamais pode assumir a forma piramidal. Pelo contrário: todas as pessoas que cooperam devem se identificar com o projeto.

“Cooperativa supõe autonomia: cada um deve ser consciente de sua responsabilidade. Não podemos resolver os problemas sozinhos, temos que colaborar. Mas a colaboração precisa ser responsável. Primeiro há que se definir um objetivo e saber do que ele precisa para ser alcançado. Cooperativa é um grupo de várias pessoas capazes de fazer isso.” – declarou Carbonell.