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Orgânicos cooperados

Antes restritos às pequenas e caseiras hortas, os produtos orgânicos ganham escala com o apoio das cooperativas e transformam o Brasil em um dos maiores produtores mundiais. Depois que a sociedade se deu conta dos danos colaterais, especialmente ambientais, causados pelo consumo demasiado, surgiu uma nova tendência que vem ganhando cada vez mais adeptos em todo o planeta, o consumo consciente. As constantes modificações impactam desde roupas, sapatos e tecnologia, até recursos naturais. Entretanto, quando o assunto é alimentação, a questão deixa de ser mero tendencionismo para se tornar uma necessidade e, com isso, ganha um enorme destaque.

O Brasil, uma das maiores potências mundiais quando se trata de produção de alimentos, é líder no mercado orgânico da América Latina. Segundo o Ministério da Agricultura e Abastecimento, baseado nos dados do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), o mercado brasileiro de orgânicos faturou R$ 4 bilhões em 2018, um crescimento visível e cada vez mais otimista, fazendo com que o Brasil chegasse a representar 20% do mercado mundial.

Em um âmbito geral, a produção e crescimento de alimentos orgânicos possuem diversas vantagens. Um dos aspectos principais é a preservação do solo, pois é menos submetido a defensivos e agentes químicos possibilitando  um maior reaproveitamento do local. “Pensando a longo prazo, o alimento orgânico faz com que a vida no solo fique preservada, trazendo sustentabilidade do meio ambiente”, diz o associado Damian Chiesa da cooperativa formada por pequenos agricultores familiares, a Coopeg.

Porém, apesar de apresentar bons resultados, o mercado orgânico é colocado como uma opção, muitas vezes, inviável para a maioria da população. O diretor de marketing e design do Organis, Cobi Cruz, ressalta que um dos maiores obstáculos desse mercado no Brasil é o preço elevado comparado ao mercado convencional. Entretanto, explica que esse valor se dá por conta da forma de produção, levando em consideração que há uma demanda maior em sua fabricação. ‘’Posso afirmar, com certeza, que os orgânicos crescem no brasil, as empresas grandes já estão buscando esse mercado”, diz Cruz.

O papel cooperativista no mercado orgânico

É cada vez mais comum que as pessoas se preocupem mais com o bem-estar e queiram levar uma vida mais saudável e, consequentemente, se conscientizem sobre os benefícios dos alimentos orgânicos, tanto para saúde dos consumidores, quanto para a vida dos produtores. Portanto, a procura por informações sobre esse mercado vem crescendo de forma avassaladora.

No início, o cultivo era reservado apenas para a produção de hortaliças, porém, com a expansão do mercado, hoje em dia existem cultivações de café, açúcar, sucos, mel, geleias, feijão, cereais, laticínios, doces, chás e ervas medicinais, entre outros.

Em sua grande maioria, a produção e cultivo desses alimentos no Brasil se dá a partir de cooperativas que sustentam esse mercado orgânico da melhor maneira possível. “Se faz necessário a cooperação entre os associados para que, no coletivo, atinjam resultados que não conseguiriam de maneira individual. Dessa forma, pequenos produtores conseguem comercializar com grandes redes de mercado.”, ressalta Damian.

Porém, apesar desse aumento na procura, os produtores de alimentos orgânicos encontram outros obstáculos além da comparação de valores com produtos convencionais, como, justamente, a aceitação do mercado em relação ao produto. Cobi afirma que há a necessidade de melhores políticas públicas para o setor e que, por conta disso, a logística ainda é muito prejudicada. “O que falta, principalmente, é uma melhor comunicação do setor. As cooperativas tem condições de otimizar o trabalho, porém ainda falta uma melhor sistematização em relação a venda desses produtos”.

“Por meio da busca do consumidor por mais informações sobre o produto, diversas propriedades estão se abrindo para o turismo rural, de modo que o cliente pode conhecer o agricultor, e colher até o próprio alimento. A Coopeg incentivou a criação da Rota Via Orgânica, que reúne 10 propriedades orgânicas certificadas em um roteiro com experiência turística, onde o visitante pode comprar produtos da cooperativa.” – Damian Chiesa, associado da Coopeg”.

A expansão no cultivo de orgânicos no Brasil e no mundo já é uma realidade e vem ganhando espaço em meio a agricultura dominante. Isso, entretanto, não significa a isenção na produção das mercadorias convencionais, ou que esses produtos façam mal a saúde, visto que existe uma eficiência e segurança no controle da aplicação de produtos químicos, principalmente no Brasil.

O ramo de orgânicos surgiu para acrescentar e se tornar uma possibilidade de escolha, tanto para os produtores quanto para os consumidores. De acordo com Cobi, “É difícil dizer um número exato, mas a estimativa de crescimento desse mercado é de 15% a 20% em 2020”. Portanto, o Brasil pode encontrar nesse segmento uma nova alternativa para se destacar ainda mais no mercado mundial e se estabelecer como uma grande potência agrícola.

Fonte: Mundocoop