Ir para o conteúdo principal

Diversidade no cooperativismo

Lançada em setembro de 2015 pela ONU, a Agenda 2030 traz os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), cujo objetivo é erradicar a pobreza, a fome e assegurar educação inclusiva. Seguindo o 5º ODS: Igualdade de Gênero, cooperativas de diferentes setores em todo o mundo estão trabalhando para promover a igualdade de gênero em suas estruturas e comunidades.

Em 2020, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) se somou à comemoração do Dia Internacional da Mulher, promovido pelas Nações Unidas, pois acredita que esse é o momento de ouvir as vozes das mulheres. Em documento alusivo à data, a entidade afirmou que as cooperativas têm a tarefa de melhorar a capacidade de empoderar as mulheres, colaborando com a sociedade civil e apoiando a voz das ativistas nos processos de sensibilização social e de formulação de políticas públicas.

Em 2019, o Sistema OCB promoveu o 14º Congresso Brasileiro de Cooperativismo (CBC), considerado o mais importante do setor e que teve como tema “O cooperativismo do futuro se constrói agora”. Seis temas foram escolhidos para nortear as discussões do evento: Comunicação, Governança e Gestão, Inovação, Intercooperação, Mercado e Representação.

Representatividade na prática

Para garantir mais diversidade no cooperativismo brasileiro, o Sistema OCB promoveu um concurso para levar 20 lideranças femininas com tudo pago para assistirem ao evento, opinarem nas discussões e votarem nas resoluções da grande plenária do evento.

Na ocasião, as selecionadas formularam uma carta manifesto que foi apresentada a todos durante a solenidade de abertura do 14º CBC. Nela, estão expressos desejos de oportunidades de abraçar as oportunidades “alçar vôos mais altos com a diversidade e a presença feminina em todas suas instâncias”.

No documento, estava expressa a sede por mudanças que essas mulheres dedicadas ao crescimento do cooperativismo no Brasil cultivam a cada dia. As alterações têm sido discutidas e sentidas, pois “cargos antes de posições exclusivamente masculinas passaram a ser desempenhados também por mulheres”, diz trecho da Carta.

Coeducars

A Cooperativa dos Profissionais em Educação do Estado do Rio Grande do Sul (Coeducars) tem como objetivo formar parcerias com escolas, instituições públicas, empresas, organizações não-governamentais e outras entidades, fornecendo recursos humanos qualificados e conhecimento técnico e didático para construírem juntos as novas páginas da educação no estado.

Em 2020, contribuindo para esse contexto e servindo como exemplo de diversidade, elegeu em sua Assembeia Geral Ordinária um Conselho Administrativo composto exclusivamente por mulheres.

Confira a entrevista que fizemos com a nova presidente da cooperativa, Fátima Hallal.

Existe algum projeto dentro da cooperativa para promover a igualdade de gênero?

Apesar de termos nomes fortes e representativos na nossa história, como por exemplo a primeira presidente da cooperativa, Ubiracy Ávila, e nossa professora, que foi presidente da Fetag e grande líder feminina na sua comunidade, ainda não temos um projeto específico. Mas por se tratar de um tema muito importante, é preciso ser trabalhado em conjunto, respeitando ideias que tratam das questões de gênero, e reforçando que as mulheres podem ocupar seus espaços, respeitando o espaço dos homens e vice-versa.

Qual a importância que tu vês, como presidente, nesse passo importante da cooperativa, de ter uma chapa totalmente feminina?

A importância está em mostrar para a sociedade nossa capacidade em liderar com eficiência, desenvolvendo a cooperação, tendo claro e colocando em prática os princípios do cooperativismo. Vivenciar a sua sensibilidade como mulher no enfrentamento dos problemas e na busca das soluções.  Por ser detalhista e sensível, somos capazes de ver pequenas coisas que podem gerar grandes problemas futuros. Mostrar para outras mulheres que é possível ocupar o espaço que lhes pertencem com criatividade, capacidade, lealdade, sinceridade e amor, vivendo em unidade para o crescimento do cooperativismo.

O que vocês pretendem fazer para promover a igualdade de gênero dentro da cooperativa nesse período?

Trabalhar com respeito a todos, valorizando a todos independente de sexo. Ocupando nosso espaço, dando o exemplo que somos mulheres que fizemos a diferença pela nossa capacidade de administrar com mais humanismo frente às dificuldades, tornando o mundo mais humanitário. Através do nosso exemplo trazer mais mulheres, para se empoderar e assumir os espaços por elas desejados.

E de que forma o cooperativismo pode auxiliar mais nisso?

Acreditar mais nas capacidades das mulheres, dando-lhes espaço, trazendo-as para dentro das cooperativas como associadas, que elas possam participar dos mesmos cursos, palestras, viagens, oferecidos aos associados homens, para que elas se sintam valorizadas e possam ocupar os seus espaços como lideranças, mostrar suas potencialidades, assumindo seus espaços e cumprindo o papel por elas conquistado.