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Intercooperação desperta potencial inovador das cooperativas

Em todo o Brasil, o cooperativismo emprega aproximadamente 425 mil pessoas e oferece seus serviços a cerca de 14,6 milhões de associados, conforme o anuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Por meio da intercooperação, em que cooperativas de diversos ramos (Agropecuário, Crédito, Saúde, entre outros) se unem para desenvolver negócios, inovação e fomentar soluções criativas para seus clientes, o setor movimenta R$ 351 bilhões por ano no País.

“Em função dos seus princípios, as cooperativas possuem uma certa vantagem frente a outros ambientes empresariais, potencializando as ações que já existem com base na colaboração”, analisa o coordenador do Programa de Inovação para o Cooperativismo do ISAE Escola de Negócios, Thiago Martins Diogo. “Quando pessoas engajadas em pensar e agir diferente se unem, isso facilita a condução de processos de inovação e de criatividade coletiva, permitindo a testagem de ideias e a ampliação de possibilidades com base em oportunidade de inovação”, afirma. 

Embora o ambiente seja propício à inovação, ainda é preciso superar alguns desafios dentro das próprias cooperativas. Diogo lembra que muitas empresas focam no investimento em tecnologia, mas não estabelecem processos voltados à inovação. “Esses processos devem ser sistêmicos e, neste sentido, nós temos atuado junto às lideranças e colaboradores das cooperativas para contribuir com o conhecimento e as ações para o estabelecimento desta cultura. Muitas vezes, é preciso resgatar o conceito de inovação e desmistificá-la antes de passar para a prática”, explica. 

O professor de Criatividade e Inovação do ISAE, Rodrigo de Barros, coloca o conservadorismo como uma das barreiras a serem derrubadas. “Pitadas de conservadorismo sustentam a identidade e a essência do cooperativismo, o que acaba por limitar as oportunidades em inovação. É preciso quebrar essa resistência, especialmente porque elas surgem de ambientes externos ou de pessoas mais novas dentro da cooperativa, que tentam justamente provocar as mudanças”, afirma.

Fomentar um ambiente favorável

Embora esteja na essência do negócio, é preciso estabelecer processos e um ambiente favorável à cooperação voltada à inovação. “O discurso clássico da inovação é de que há necessidade de mais competitividade. É diferente inovar por necessidade e ter um DNA voltado para isso. Esse excesso de cobrança limita a criatividade, até mesmo por questões fisiológicas”, diz Barros, citando a produção de hormônios, como o cortisol, que inibem o surgimento de novas ideias.

Nesse contexto, uma palavra ganha importância fundamental: a experiência. Segundo os especialistas, é preciso estabelecer um ambiente favorável à experimentação. “É preciso falhar rápido e barato para aprender mais rápido ainda. Para tal, as falhas não podem ser vistas como displicência, mas como fatores impulsionadores para encontrar novas maneiras de fazer”, avalia Diogo. “Há cinco habilidades que diferenciam os profissionais inovadores dos profissionais comuns e elas podem ser desenvolvidas para que a inovação faça parte do modelo mental dos colaboradores das cooperativas: experimentar, observar, associar, questionar e ampliar a rede de contatos”, complementa ele.

Fonte: EasyCoop