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Cooperativas são agentes de inclusão do produtor no mercado de carbono

As cooperativas devem ser os agentes de inclusão dos produtores rurais gaúchos no mercado de créditos de carbono, um segmento com potencial de geração de US$ 100 bilhões ao ano, sendo US$ 75 bilhões em atividades ligadas ao uso da terra. Com regulamentação ainda em curso no Brasil, a comercialização dos créditos de carbono é uma fonte promissora de renda, ainda praticamente inexplorada pelo agronegócio. “O Brasil tem um potencial incrível e, particularmente, as cooperativas têm como ajudar os produtores a acelerarem a transição para uma agricultura de baixo carbono por meio da assistência técnica”, citou o CEO da My Carbon, Eduardo Bastos, nessa quinta-feira (15/9), durante o segundo dia da 2ª Jornada RTC, em Gramado (RS). O executivo está envolvido em projetos pioneiros de produção de carbono neutro da companhia, que integra o grupo Minerva Foods. Ele indica que o Brasil tem potencial para ser o maior trading de carbono do planeta e é preciso ajudar os setores que trabalham com o uso da terra a fazer a transição. “O mercado de carbono já deu certo e está rodando, só a gente é que não está lá”, frisou.

Segundo o presidente da CCGL, Caio Vianna, é preciso intensificar a produção vegetal em busca tanto da sustentabilidade ambiental quanto de soluções econômicas para o campo. E as cooperativas, disse ele, são o caminho para alcançar esse propósito por meio de empresas de gestão aberta e democrática. “As plantas são máquinas naturais para captar o CO2, e projetos como a RTC são a reposta para acessar esses mercados. Nós somos os responsáveis pelas transformações e seremos os responsáveis por fazer a coisa acontecer”. A RTC desenvolve o projeto Operação 365 lastreado exatamente em uma produção sustentável baseada na cobertura do solo durante todos os dias do ano.

A venda de créditos de carbono no Brasil ocorre apenas no chamado mercado voluntário, uma vez que não há regulamentação formalizada. A expectativa é que ela chegue entre 3 e 5 anos. Atualmente, o País dispõe apenas de decreto, publicado em maio deste ano, que traz linhas gerais e parâmetros. O processo consiste em compensar as emissões de gases do efeito estufa (metano, óxido nitroso e gás carbônico) do processo produtivo ou monetizar seus excedentes comercializando-os a outros setores da economia. “O Brasil precisa acelerar esse processo. É uma agenda incrível a destravar”, afirma o CEO da My Carbon, Eduardo Bastos. Uma das ideias propostas por ele foi valer-se do atributo de gerador de créditos como atrativos para negociações com países importadores de grãos como a China, onde esse mercado está mais avançado.

Bastos ainda citou que a questão ambiental deixou há tempo de ser uma preocupação de alguns nichos da sociedade. Em 2021, citou ele, lideranças do capitalismo mundial reuniram-se no Fórum Econômico Mundial e indicaram que quatro de cinco das suas principais preocupações da atualidade estão ligadas à temática ambiental: risco de questões de clima extremo, falha no combate às mudanças climáticas, destruição ambiental e perda de biodiversidade.

“Desenvolvimento não se sustenta sem a questão ambiental. Contem as boas histórias que vocês têm porque, se não contarem, alguém vai contar ela por vocês. E deve contar errado”, recomendou o painelista incitando a plateia a falar mais sobre as boas práticas de suas propriedades.

Fonte: Jardine Agência de Comunicação

Crédito da foto: Carolina Jardine