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Cooperativas rumo à excelência

O sucesso de uma cooperativa está diretamente relacionado ao desenvolvimento das pessoas e à aplicação de recursos de forma eficiente, visando à otimização de resultados. Em um cenário de extrema competitividade, a informação é um atributo que agrega valor na construção e implantação de planos de melhoria e no desenvolvimento e oferta de soluções adequadas às necessidades identificadas. Investir em ferramentas e softwares de desempenho, gestão e governança passa a ser uma condição fundamental para o sucesso da cooperativa.

Quando todas cooperativas se unem e estabelecem um sistema transparente de informações, dados e indicadores econômico-financeiros, o modelo cooperativo se fortalece dentro de uma visão sistêmica. E pensando nisso, o Sescoop disponibiliza gratuitamente às cooperativas softwares de análise de desempenho que permitem a identificação de pontos fortes e oportunidades para melhoria.

O diagnóstico e monitoramento do desenvolvimento da cooperativa permite que ela compreenda seu desempenho frente a outras cooperativas do mesmo ramo e, ao mesmo tempo, que melhorias precisa adotar em seus processos para obter melhores resultados que gerem renda e benefícios aos cooperados e seus familiares e empregados.

Esse processo, que envolve uma análise sistêmica em busca de melhorias contínuas, é conhecido como Autogestão. Com a experiência de quem trabalhou no Programa de Autogestão do Paraná, estado pioneiro no País a implantar o processo de autogestão nas cooperativas, o superintendente do Sescoop/RS, Gerson José Lauermann, explica que a integração de todas cooperativas ao Programa de Autogestão beneficia o sistema cooperativo como um todo. “Serve para o Sistema, para a organização estadual e para a Organização das Cooperativas Brasileiras definirem políticas que sejam comuns e sistêmicas. Se muitas cooperativas tiverem o mesmo problema a solução passa a ser sistêmica, simples e não individualizada”, comenta.

A diretriz de atuação do Sescoop

A diretriz nacional de atuação, criada em 2018 para contribuir com o desenvolvimento sustentável do movimento cooperativista brasileiro, considera as necessidades identificadas por meio dos diagnósticos, que geram informações e conhecimento sobre o ambiente interno das cooperativas. Esse conhecimento, aliado à análise de condições do ambiente externo, é fundamental para a aplicação de soluções para promover o desenvolvimento humano, levando ao posterior desenvolvimento organizacional das cooperativas.

Eixos de Atuação do Sescoop

O Sescoop possui quatro eixos de atuação, unidos pela sustentabilidade. E são eles que originaram os três grandes programas que contemplam o Autogestão: o Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC), o Programa de Acompanhamento da Gestão das Cooperativas (PAGC) e o Programa de Desenvolvimento Econômico-Financeiro (GDA).

Critérios de Excelência

Dentro do PDGC também existe o Caminho para a Excelência, que traz quatro estágios de maturidade da gestão, cada qual com um instrumento de avaliação e pontuação próprios.

 

Programa de Acompanhamento da Gestão das Cooperativas (PAGC)

No universo da gestão e dentro do padrão de qualidade do mercado, existe uma palavrinha meio complicada, mas com um significado muito importante: compliance ou, traduzindo para o bom e velho português, “estar em conformidade”. E o cooperativismo brasileiro já conta com um serviço exclusivo de avaliação de compliance: o Programa de Acompanhamento da Gestão das Cooperativas (PAGC), que integra o eixo Identidade.

O programa faz uma rodada de avaliações que revela o quanto a cooperativa está alinhada ao mercado em relação às questões societárias, aos princípios e às boas práticas de trabalho cooperativista. E o que se ganha com isso? Quem não estiver em conformidade pode traçar um planejamento para melhorar. Quem já estiver com o dever de casa em dia pode se preparar para alçar voos cada vez maiores. Afinal, a conformidade diminui os riscos de uma operação e aumenta significativamente as chances de sucesso.

Programa de Desenvolvimento Econômico-Financeiro (GDA)

O programa permite o acesso de forma rápida, fácil e confiável às principais informações econômicas e financeiras de todas as cooperativas da sua região. Com isso, é possível compilar dados para analisar o desempenho da sua cooperativa em relação ao universo de cooperativas participantes. O programa está inserido dentro do eixo Desempenho.

O GDA é um sistema de cadastro e consolidação dos balanços contábeis, financeiros e sociais das cooperativas brasileiras. O processamento desses dados gera indicadores que facilitam o acompanhamento dos resultados da organização e de seus empregados. As informações ficam disponíveis para consulta 24 horas por dia. Isso facilita o processo de tomada de decisões das cooperativas e aumenta ainda mais a transparência do cooperativismo. “Não é só o balanço, não é só fluxo de caixa, mas vários indicadores em conjunto que vão trazer uma avaliação melhor para a cooperativa”, esclarece o superintendente do Sescoop/RS, Gerson José Lauermann.

Quando as informações do sistema forem consolidadas em âmbito nacional, a OCB, em conjunto com as unidades estaduais, conseguirá traçar, pela primeira vez, um panorama geral do cooperativismo brasileiro. E com base nos indicadores gerados pode ajudar as cooperativas a escolher os melhores caminhos para crescer.

Gráfico Radar

O sistema de autoavaliação também apresenta um gráfico radar, com a pontuação da cooperativa em cada Critério de Excelência.

Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC)

O Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC) é voltado ao desenvolvimento da autogestão das cooperativas. Vinculado aos eixos Gestão e Governança, seu objetivo principal é promover a adoção de boas práticas de gestão e de governança pelas cooperativas. Através de um instrumento de avaliação, é possível verificar um diagnóstico objetivo da governança e da gestão da cooperativa. Este diagnóstico é realizado em ciclos anuais, visando à melhoria contínua de cada ciclo de planejamento, execução, controle e aprendizado.

O Instrumento de Avaliação é dividido em dois questionários, um sobre Governança, baseado no Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativa do Sistema OCB, e o outro sobre Gestão, que avalia a gestão da cooperativa com base no Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Após o preenchimento dos questionários, a cooperativa recebe de forma automática uma devolutiva, onde é possível definir e implementar ações para o desenvolvimento da cooperativa a partir das oportunidades de melhoria apresentadas.

Adelar Parmeggiani – Presidente da Sicredi UniEstados

“Participar do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC) nos dá a certeza de que estamos no caminho certo, adotando práticas de gestão e de governança de forma a garantir a sustentabilidade da nossa Cooperativa e nos manter no mercado de forma competitiva.

O PDGC nos possibilita fazer um diagnóstico e uma reflexão sobre a forma como estamos conduzindo o nosso negócio, fazendo um processo de gestão claro e transparente, como são os pilares do cooperativismo. Nos dá, também, a possibilidade de rever estratégias, fazermos comparações com outras cooperativas e, principalmente, permite nos espelharmos em bons exemplos e boas práticas de outras organizações.

Hoje, um dos nossos grandes desafios é fazermos essa relação com os processos de governança, verificarmos se estamos acertando. Por isso, o PDGC é importante para confirmar o trabalho que realizamos, nos mostrar necessidades de ajustes ou mesmo nos ajudar a criar novas ferramentas e/ou rever estratégias e processos de gestão. Tudo o que fazemos é para o associado, para atender às suas necessidades e expectativas e para aproximá-los cada vez mais da Cooperativa, buscando agregar mais valor aos nossos produtos e serviços.

Um grande aprendizado com o PDGC foi a importância dos registros para gerar evidências de tudo que fazemos e, assim, promover uma melhoria contínua no dia a dia da Cooperativa, além de traçarmos a história da Cooperativa de foram documental”.

Iran Joel Bandurka, Assessor de Projetos, Processos e Qualidade da Sicredi UniEstados

“Depois que iniciamos nossa participação no PDGC, no ano de 2015, conseguimos estruturar, com base nos critérios e fundamentos do Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), muito melhor a documentação da nossa Cooperativa, o registro e a comprovação do que fazemos de boas práticas ou mesmo no nosso dia a dia.

Através da estrutura do PDGC conseguimos fazer o diagnóstico, revisar os processos, verificar o que é necessário implementar ou revisar. Através dessa análise e também do retorno dos avaliadores, conseguirmos visualizar se os processos estão documentados, se existe um padrão, uma metodologia. O que vimos é que tudo que temos vai ao encontro do que o PDGC busca. Esses resultados retornam para a Cooperativa em forma de informações e conhecimento, gerando aprendizado, embasando o planejamento e contribuindo para o aperfeiçoamento dos próximos ciclos”.

Panorama do GDA no RS

Atualmente, a ferramenta conta com a participação de 36 cooperativas gaúchas, contemplando 31 cooperativas do ramo Agropecuário e cinco do ramo Transporte. “Nós começamos o processo aqui de implantação mais efetiva do Programa de Autogestão com as cooperativas agropecuárias, inicialmente naquelas vinculadas à FecoAgro/RS, mas nós queremos ter todas as cooperativas do Rio Grande do Sul dentro do Programa de Autogestão, monitoradas e com acompanhamento, porque todas elas usam o recurso do Sescoop, de uma forma ou de outra, diretamente no recurso descentralizado ou indiretamente através de treinamentos centralizados”, explica Lauermann.

O superintendente do Sescoop/RS afirma que o processo de monitoramento e acompanhamento tem uma proposta de servir como base de informação para elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Cooperativa (PEDC). O dirigente destaca a responsabilidade atribuída ao Sescoop na aplicação dos recursos. “Como é que se aplica bem os recursos? É aplicando naquilo que é necessário para as cooperativas. E como é que eu sei o que é necessário para a cooperativa? Fazendo um diagnóstico das necessidades internas. Com base no quê? Na base de informações do desempenho da cooperativa, da avaliação da cooperativa. Essa é a proposta dentro do Programa de Autogestão”, comenta.

Para a gerente de Desenvolvimento da Gestão de Cooperativas do Sistema OCB, Susan Miyashita Vilela, as cooperativas precisam dar resultado e agregar valor ao cooperado. “Sem viabilidade econômica a cooperativa não existe e sem viabilidade social a cooperativa não tem razão de existir. A cooperativa precisa dar resultado e para poder dar resultado ao cooperado ela precisa agregar valor ao mesmo”, afirma.

Nova resolução

A necessidade de incentivar a adoção de boas práticas de gestão e governança, de facilitar o processo de tomada de decisões, além de aumentar a transparência das cooperativas, fez com que o Conselho Administrativo do Sescoop/RS aprovasse em fevereiro de 2019 a Resolução 127. O documento estabelece que o acesso aos recursos do Sescoop/RS está condicionado à participação das cooperativas em, ao menos, um dos Programas de Autogestão e Monitoramento: PDGC, GDA ou PAGC. A resolução entra em vigor a partir de 2 de janeiro de 2020.