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Epecoop encerra com debates sobre Modelos de Gestão em Cooperativas

Após discutir os Cenários Econômicos, a Sucessão Familiar e Empresarial e outros temas importantes ligados ao cooperativismo, o segundo dia do 4° Epecoop reservou um espaço para a apresentação de modelos de gestão cooperativa.

Os trabalhos foram abertos pelo coordenador do painel, o presidente da Central Sicredi Sul e diretor da Ocergs, Orlando Borges Müller. O primeiro palestrante do dia foi o presidente da Unimed VTRP, Aldo Pricladnitzki, que explanou sobre os números, a missão, os valores e a estrutura de governança da Cooperativa de Saúde.

Pricladnitzki falou sobre os marcos de gestão da Unimed VTRP e destacou as conquistas e o reconhecimento que a Cooperativa obteve nos últimos anos. Entre as premiações recebidas, o dirigente destacou a certificação da Cooperativa no nível 1, o mais elevado, obtida em 2014 e concedida pela Agência Nacional de Saúde, de acordo com a resolução normativa 277. “Em 2015, a Cooperativa passou por nova auditoria e foi confirmada no nível 1 com uma pontuação ainda maior”, ressaltou o presidente da Unimed VTRP.

O dirigente falou sobre o sistema de gestão da Cooperativa, dividido em Gestão pelas Estratégias, Gestão pela Qualidade e Gestão pelas Competências (Pessoas). No sistema de gestão pela qualidade, o presidente da Unimed VTRP afirmou que a Unimed busca excelência em gestão, sustentabilidade do negócio e modelo.

Pricladnitzki disse que o modelo de gestão da Cooperativa utiliza os fundamentos da qualidade. “O pensamento sistêmico, a atuação em rede, aprendizado organizacional, inovação, agilidade, liderança transformadora, olhar para o futuro, conhecimento sobre clientes e mercado, responsabilidade social, valorização das pessoas e da cultura, decisões fundamentais, orientação por processos e geração de valor”, elencou o dirigente.

Por fim, Pricladnitzki ressaltou que a Unimed VTRP é a primeira operadora de saúde gaúcha e a terceira no Brasil a ser certificada.

Visão sistêmica do Sicredi

Reconhecida no setor cooperativista como case de sucesso empresarial e cooperativo, a visão sistêmica de trabalho do Sicredi foi tema da palestra do diretor executivo da Central Sicredi Sul, Gerson Seefeld.
O dirigente da Cooperativa de Crédito apresentou um panorama das decisões estratégicas que foram implementadas para o sucesso do Sicredi. Dentro desse quadro, Seefeld destacou a formação de parcerias, a organização em forma de Sistema, a instituição de um estatuto padrão para o Sistema, o estabelecimento de um padrão contábil para todas as cooperativas, a criação de mecanismos de transparência, como o Sistema Análise Sicredi (SAS) e o Regimento Interno Sicredi (RIS) e a concepção de um modelo de supervisão e acompanhamento.

“As parcerias se constituem num pila estratégico dentro do Sicredi. E a fortaleza do Sicredi não está em uma ou outra cooperativa, está no conjunto”, explica o diretor executivo da Central Sicredi Sul, ao enfatizar a importância da formação de parcerias e a visão sistêmica que caracterizam o modelo de gestão do Sicredi.

Seefeld abordou a evolução da marca do Sicredi, que surgiu em 1992. “Todas (cooperativas) trabalham dentro do mesmo Sistema com uma marca única. Isso fortalece a unidade e a imagem de credibilidade perante a sociedade”, disse. Outro marco importante na evolução histórica do Sicredi foi a constituição do Banco Cooperativo Sicredi, em 1995, o primeiro banco cooperativo do País, que permitiu à Cooperativa alavancar os negócios e administrar em maior escala os recursos financeiros do Sistema, abrindo novos mercados em outros estados da Federação.

Como resultados gerados e benefícios das boas práticas de governança, Seefeld destacou a melhoria no processo de tomada decisão na alta gestão, a clareza dos papéis e atuação focada, ambientes de controle e gestão de riscos mais eficazes, exercício de cargos e funções com necessária especialização e comprovada capacitação, transparência e credibilidade ampliadas na gestão do empreendimento e sustentabilidade do empreendimento cooperativo. “Credibilidade é a condição número um para uma cooperativa de Crédito ter êxito”, conclui Seefeld.

Case da Cotrisul destaca expansão via financiamento ao produtor

A terceira palestra do primeiro painel do dia ficou a cargo do vice-presidente da Cotrisul, Gilberto da Fontoura. O dirigente da Cooperativa Agropecuária localizada na região da Campanha, no município de Caçapava do Sul, disse que apesar da região na qual a Cotrisul está localizada possuir 25% da população gaúcha, ela contribui com 15% do PIB do Rio Grande do Sul.

Fontoura afirmou que atualmente a Cooperativa conta com aproximadamente 300 colaboradores e atende cerca de 1.200 associados. Fundada em 1960, a Cotrisul atua no mercado com fábrica de ração, indústria de beneficiamento de arroz e unidade de beneficiamento de sementes, congregando ao todo 14 unidades e atuando nos municípios de Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Santana da Boa Vista, Piratini e Cachoeira do Sul.

Desde 1995, a Cotrisul apresenta um crescimento anual médio de 13,55% e um crescimento de 1.169,33%. Fontoura explica esse crescimento a partir da manutenção do custo operacional e a expansão via financiamento ao produtor, e projeta o recorde de faturamento da Cooperativa neste ano. “Em 2015 devemos fechar com um faturamento de R$ 500 milhões”, destaca.

Participaram como debatedores do painel, o presidente da Rede Transporte e diretor da Ocergs, Abel Paré, a presidente da Fetrabalho/RS e diretora da Ocergs, Margaret Garcia da Cunha e o presidente da Cooperativa Nova Aliança, Alceu Dalle Molle.

 

Liderança e gestão em tempos difíceis

A palestra com o professor da Universidade Dom Cabral, Eugênio Mussak, encerrou o Encontro no dia 9/10, sexta-feira. Sob o tema “Liderança e gestão em tempos difíceis”, Mussak apresentou diversas alternativas para o enfrentamento de uma crise, defendendo principalmente a ideia de que é em momentos de crise que podem ser encontradas as melhores oportunidades de uma empresa. 

Ao apresentar a Teoria de Desenvolvimento Econômico de Joseph Shumpeter, que possui quatro etapas (crise, desconforto, movimento e inovação), Mussak alertou os dirigentes presentes de que a crise acontece antes do fim de um empreendimento e então, “se torna virtuosa”, pois possibilita as transformações. E afirma: “A cooperação possibilita a saída da crise”.

Mussak também apresenta a teoria de Jim Collins, que ao contrário do que afirma Shumpeter, de que todas as empresas entram em crise, defende que todas as empresas declinam, e apresenta as cinco fases desse declínio: arrogância, ganância, negação, desespero e irrelevância. E enfatiza que o grande segredo para o sucesso de uma gestão e, consequentemente, de uma empresa, é analisar além da performance, representada pelos resultados numéricos e analisar criteriosamente a saúde da empresa, ou seja, seu clima organizacional, a felicidade de seus funcionários, as taxas de inovação, dentre outros aspectos. 

Por fim, Mussak indica caminhos a seguir em uma gestão de crise, defendendo que a postura é o aspecto mais importante e o resto é consequência dela, o que envolve análise dos fatos, entendimento lúcido, nova lógica, velocidade de resposta, otimismo racional, além de aprimoramento de gestão, dentre outros. Para ele, é nos momentos de crise que os verdadeiros líderes são reconhecidos. E encerra comentando sobre a importância de eventos como o 4º Epecoop: “Esse encontro promove a reflexão de quem vocês são e de quem vocês querem se tornar. Quem está aqui, não está esperando as coisas acontecerem. Está fazendo”.

Participou como coordenador do painel o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius e como debatedores o diretor administrativo da Santa Clara, Alexandre Guerra, o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, e o presidente da Coopeeb e diretor da Ocergs, Valdir Feller.

 Após a palestra de Mussak, as esposas dos dirigentes apresentaram um documento aos presentes sobre o Papel da Mulher no Cooperativismo, respondendo às seguintes perguntas: – Qual o atual papel da mulher como esposa de presidente/executivo no cooperativismo? – O que deseja para os próximos anos nas atividades cooperativistas? – Qual seu engajamento na questão da sucessão familiar no contexto cooperativista?