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Sescoop/RS promove Encontro Estadual de Comunicação Cooperativista

Com o tema “Comunicação Digital e a Relação da Imprensa com o Cooperativismo”, o Sescoop/RS promoveu na tarde dessa terça-feira (1/12), no Centro de Formação Profissional Cooperativista, em Porto Alegre, o Encontro Estadual de Comunicação Cooperativista. 

Com o objetivo de promover um debate sobre a influência das mídias digitais nas estratégias de comunicação das cooperativas e a relação da imprensa com o cooperativismo, o evento reuniu cerca de 60 pessoas, entre as quais profissionais da área de comunicação social de cooperativas e empresas privadas, além de dirigentes de federações e membros da diretoria da Ocergs.

Em seu discurso de abertura, o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, agradeceu a presença dos comunicadores e destacou a importância do evento para discutir temas presentes no cotidiano do profissional e no planejamento de comunicação das cooperativas. 

Segundo o dirigente, o cooperativismo possui características únicas que o diferem de outros sistemas de negócios. “O cooperativismo tem sempre três características fundamentais que nunca podemos esquecer: a sua filosofia, a sua identidade e os princípios que o regem, que não distinguem pessoas”, disse Perius.

Além de promover o desenvolvimento socioeconômico das comunidades em que as cooperativas estão inseridas, o cooperativismo propicia a inclusão social. E por se tratar de uma filosofia de trabalho voltada para o bem do associado e da comunidade, o segmento cooperativista se recria a todo instante. “O cooperativismo tem que ser recriado a todo momento para poder atender melhor ao cidadão, ao ser humano, porque trata-se de uma sociedade de pessoas e não de capital, e pessoas precisam permanentemente modificar-se”, explica o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS.

Novo conceito da Comunicação Digital

“Como é que nós vamos avaliar o novo conceito da comunicação digital em relação à comunicação off line e tradicional que acompanha a vida jornalística da maioria das estruturas, sejam elas sociais, econômicas, todas empresas, todos os setores?”. Com esse questionamento, o jornalista e publicitário, com especialização em jornalismo digital, Beto Andrade, iniciou a apresentação da sua palestra, com o tema Cidadania Online, a Nova Comunicação nas Plataformas Web & Mobile.

Segundo Andrade, o que está ocorrendo é uma migração do jornalismo para uma plataforma diferente, porque os profissionais de comunicação ganharam poder de publicação, influenciados pela disseminação de conteúdos através das redes sociais e mídias sociais. 

Ao explanar sobre a evolução da tecnologia, o especialista em jornalismo digital reforça a necessidade de o jornalista acompanhar esse processo de evolução. “O jornalista talentoso e moderno deve se reposicionar frente a essas novas demandas do mercado de comunicação”, explica Andrade.

Dinamismo e agilidade 

O palestrante ressalta que nas plataformas de comunicação digital as ferramentas e a capacidade de informação, de comunicação e de produção de conteúdo são muito dinâmicas. “Agilidade é tudo na comunicação digital”, disse Andrade.

Segundo estudos recentes divulgados pela consultoria Mediabox, o Brasil conta com 112 milhões de internautas. Desses, 62 milhões acessam a internet todos os dias através do telefone celular. Andrade também destaca o número de brasileiros que utilizam a internet para visitar blogs, sites e portais de notícias todos os dias, o que representa 88,4% dos internautas do País. “Eu fico impressionado quando eu ouço algum jornalista falando mal da internet. Isso é não compreender as oportunidades que se tem nesses novos ambientes. Isso é ser cego”, alerta.

Mídias Sociais e Rede Sociais

Ao enfatizar as possibilidades e oportunidades que a internet trouxe para o jornalismo, o palestrante esclarece a distinção entre mídias sociais e redes sociais. “Jornalismo é mídia social. Existe uma enorme diferença entre rede social e mídia social. Redes sociais são plataformas de relacionamento, enquanto que mídias sociais são plataformas de informação”, explica.

Para Andrade, os conteúdos nas redes sociais têm qualidade rasa e são disseminados por lideranças voláteis. O jornalista e publicitário destaca que é importante conhecer o poder de produção, remixagem e disseminação de conteúdo das redes sociais, bem como saber ouvir e se posicionar com agilidade. “Hoje não existe jornalismo sem prestação de serviço e sem interação com o usuário”, afirma Andrade.

Andrade chama atenção para a influência das redes sociais na imagem de profissionais, empresas e organizações. Para ele, é necessário que os profissionais de comunicação utilizem a inteligência coletiva das redes a favor de sua própria imagem, formando redes de confiança. “Na sociedade em rede as pessoas acreditam cada vez mais nas pessoas, a propaganda está em crise, as pessoas cada vez menos acreditam em propaganda”, compara.

Por fim, o palestrante ressalta a presença cada vez mais constante de pessoas que interagem com os públicos e buscam soluções para os problemas. “Os mediadores ganham cada vez mais importância dentro das estruturas de comunicação digital”, afirma.

Relação da Imprensa com o Cooperativismo

Após a palestra de Beto Andrade, o painel “Relação da Imprensa com o Cooperativismo” reuniu jornalistas de veículos de comunicação de massa de Porto Alegre e debateu sobre a forma como o profissional da área de comunicação da cooperativa deve procurar se relacionar com esses veículos de comunicação.

Com a mediação da gerente de Comunicação da OCB, Daniela Lemke, o painel trouxe como debatedores o sociólogo, professor da PUCRS e cronista do Correio do Povo, Juremir Machado, a jornalista e colunista do jornal Zero Hora, Gisele Loeblein e o jornalista e apresentador do Grupo Bandeirantes de Comunicação/RS, André Machado.

Para a colunista do Campo Aberto, Gisele Loeblein, um dos desafios dos profissionais de comunicação é aprender a se comunicar com o público externo. Ao falar sobre o setor de agronegócio em específico, no qual atua como colunista e comentarista, Gisele cita a necessidade de o jornalista transpor os termos técnicos, a informação e os números comuns a quem está relacionado ao meio para a esfera de compreensão do público-alvo. 

“Informações que para nós parecem óbvias, para as pessoas do meio urbano ou para as pessoas que não acompanham o dia a dia não são”, explica Gisele, ao dizer que os profissionais não devem subestimar qualquer assunto ou achar que todos têm a obrigação de conhecer sobre o assunto em questão.

Gisele também explica que o assessor de imprensa de uma cooperativa deve levar em consideração que cada grupo de comunicação tem diretrizes, parâmetros, estilo e formato diferentes, posição que o jornalista André Machado também defende. 

Segundo Machado, o assessor de imprensa tem que conhecer bem o perfil do veículo de comunicação e do jornalista que busca a informação, bem como saber os horários de fechamento das redações. “É importante vocês conhecerem qual é o tipo de trabalho que faz o jornalista que vocês querem buscar a informação”, explica Machado. 

O jornalista do Grupo Bandeirantes destaca os avanços conquistados pela Ocergs no sentido de desmistificar a ideia de que o cooperativismo está presente somente no ramo Agropecuário. 

Ao enaltecer o trabalho desenvolvido pela entidade e pelo presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, o jornalista afirma que os conteúdos oriundos das cooperativas costumam ser vistos com bons olhos pelos veículos de comunicação. “A bandeira do cooperativismo tem a integridade por trás dela, da imagem que ela produz, então tudo que vem com a questão da cooperativa é muito bem visto pelo meio de comunicação.

Após a explanação de André Machado, o sociólogo, professor da PUCRS e cronista do Correio do Povo, Juremir Machado, falou sobre a percepção que as cooperativas produzem nas comunidades em que elas estão inseridas. 

Para Juremir, apesar da imagem positiva que o cooperativismo possui, existe um trabalho a se fazer, o de vencer a resistência que existe por parte de jornalistas. “Tem que mostrar que o cooperativismo é moderno, porque os jornalistas só acreditam na modernidade, eles nem sabem que nós já estamos na hipermodernidade, que nós já passamos pela pós-modernidade, mas eles continuam na modernidade. Tudo que não é moderno sofre uma resistência”, explica.

Por fim, Juremir destaca que o grande desafio dos profissionais inseridos no cooperativismo é mostrar que o cooperativismo é mais do que moderno, é hipermoderno.

Estiveram presentes no Encontro o presidente da FecoAgro/RS e diretor-secretário da Ocergs, Paulo Pires; o presidente da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs) e diretor da Ocergs, Jânio Stefanello; a presidente da Federação das Cooperativas de Trabalho do Rio Grande do Sul (Fetrabalho/RS) e diretora da Ocergs, Margaret Garcia da Cunha; o diretor geral da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo – Escoop, Derli Schmidt, além de profissionais da área de comunicação social de cooperativas e empresas privadas.