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Câmara Setorial do Leite se reúne na Casa do Cooperativismo da Expointer

Temas como a situação da cadeia produtiva do leite, os gargalos da atividade e como projetar um cenário mais otimista estiveram presentes na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) na tarde desta quinta-feira (01/09), O encontro ocorreu na Casa do Cooperativismo, na Expointer, e foi dividido em três partes: “Diagnóstico da Cadeia Produtiva no RS”, “Armazenamento de água e irrigação na pecuária de leite” e “Tuberculose e Brucelose”.

O professor José Tobias Machado, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR), apresentou os dados de sua tese de doutorado. Ele realizou um estudo com 110 produtores de 29 municípios sobre a permanência, fatores de desistência e de motivação para produtores seguirem na atividade. Segundo ele, o número de produtores de leite diminuiu de 250 mil em 1995 para 125 mil em 2017, de acordo com o Censo.

Entre os resultados, ele constatou que o que leva os produtores a permanecerem na atividade estão a renda mensal (68,1%), o gosto pela atividade (35,5%), como a tradição familiar, e uma alternativa produtiva (31,8%). Entre as dificuldades, a falta de mão de obra foi apontada por 48%, 68% tem problemas para identificar um sucessor e 72% têm dificuldades para encontrar tempo para o lazer. Segundo Machado, outras questões que prejudicam a atividade são a estiagem e as políticas de preços estabelecidas pelos mercados de comercialização, com variação dos preços pagos pelo leite.

Já o engenheiro agrônomo Jair Mello, gerente de suprimentos de leite da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) apontou o sistema base pasto como o mais resiliente para enfrentar situações difíceis como a estiagem. Mello afirma que “é preciso ações integradas entre as diversas entidades e o estado para incentivar o manejo, a correção do solo, a adubação do solo, a genética vegetal e a irrigação”.

Um dos exemplos de produção que melhorou com assistência técnica, manejo do solo e irrigação adequada foi a família Lorenzon, de Água Santa. Eles passaram de uma produção de 15 mil litros/mês em 2018 para 17.800 mil litros/mês em 2021, com um aumento de 33% na produtividade: de 18 litros/vaca/dia para 24 litros/vaca/dia. Eles receberam o primeiro lugar no prêmio Referência Leiteira, na categoria qualidade do leite, e entregue na quarta-feira (31/08) na Expointer. A premiação é organizada pela Seapdr, Emater e Sindilat.

Para Mello, o futuro da cadeia leiteira se resume em garantir a sucessão nas propriedades, profissionalização dos jovens, sistema de produção sustentável, assistência técnica e competitividade.

A médica veterinária Ana Cláudia Groff, do Programa de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal da Secretaria da Agricultura, falou da situação das duas enfermidades no Rio Grande do Sul, que impactam negativamente a cadeia produtiva do leite. Em 2021, 1,6% das propriedades foram testadas positivas para a tuberculose e no caso da brucelose, os dados de 2021 apontam que 0,73% das propriedades testaram positivas para a doença. “Os números não têm aumentado, permanecem estáveis, mas ainda temos muitas propriedades que não fazem os testes”.

O rebanho bovino gaúcho está em 287.896 propriedades, destas aproximadamente 65 mil foram declaradas de leite em 2021. Ana lembra a importância do preenchimento da Declaração Anual do Rebanho, que neste ano mudou e tem prazo até 31 de outubro. A declaração está mais completa e visa qualificar as informações sobre as propriedades rurais. Mais informações sobre a declaração acesse: Declaração Anual de Rebanho – Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural

No encontro também ficou definido que a CST produzirá um documento com as principais demandas do setor para entregar aos candidatos ao governo do Estado do RS. O gerente de Relações Institucionais e Sindicais do Sistema Ocergs, Tarcisio Minetto, e o presidente do Sistema, Darci Hartmann, estiveram presentes no evento.

Participaram da reunião também representantes da Farsul, Sindilat, CCGL, Dieese, Fecoagro, Famurs, Gadolando, Conagro/Fiergs, Ciepel/Fiergs, Fetraf, Emater, Gado Jersey, Gadolando, Unicafes, Seapdr e produtores de leite.

Fonte: Ascom Seapdr